Oí n DE S • ÍJ ta C' A \.. USÍA ICONTRAPROTESTO FEMO POR UM BRASILEIRO £M RESPOSTA AO SR. VISC03DE DE JFQl 1 TIMIOiMIA RELATIVO Á RXND1CAO DE IJR LTG U AYAKA RIO í»E JiWKIRIt TYPOGRAPHIA UNIVERSAL DE I.AEMMERT 61 B, Rúa dos Inválidos, 61 U Í86BCONTRAPROTESTO QUANDOQUE BONCS DORMITAT HOMEhUS. Horacio.— § 1.° A consciencia de nossa temeridade, e o reconheci- rnento do cultivado talento do Sr. Visconde de Jeqni- tinhonha, político consumado e veterano servidor do Estado, seria uro óbice efficaz para nos tolher a penna, se mais alto nao fallasse no nosso coracao o amor do magnánimo Brasil, e nao nos doesse no fundo d'alma a injusta apreciacáo de alguns fados insertos nesse pro- testo, que, tendo inesperadamente a luz da publici- dade, veio confirmar a assercao produzida no senado pelo Sr. Conselheiro Párannos, quando, defendendo-se das aecusaeoes que lhe eráo feitas, exclaraou com toda a verdade, que: se tinha pezar de lutar com algunsnobres collegas, restava-lhe o prazer de reconhecer que do mesmo modo teria por adversarios aquelles que ora defendiáo o Convenio de 20 de Fevereiro, se con- trario fosse o seu modo de proceder. E na realidade, é da ordem natural das cousas, que por mais justo e coherente que seja um acto qualquer, esteja sempre sujeito á critica e á censura; aconte- cendo mesmo algumas vezes, que ura nome presti- moso venha em supprimento da procedencia e da equi- dade do raciocinio, adornando-o com a belleza do estylo e a delicadeza do sophisma. Como haveraos de estranhar que o estrangeiro en- venene as nossas intencoés, nos cubra de doestos, e nos exponha ao ridiculo, se nós somos os priraeiros a desvirtuar os nossos factos gloriosos, e a procurar argumentos subiis para desmerecer os nossos trium- phos! É triste sina do Brasil, que os brilhanles successos que vém augmentar a sua preponderancia , fazendo sobresal)ir o seu carácter generoso, e o progresso a que tem chegado a nossa civilisacao , achem sempre interpretes desfavoraveis, fazendo amortecer no cora- cáo do povo o enthusiasmo que despertáo taes acon- tecimentos. Sao exeinplos bera próximos e frisantes o Convenio de 20 de Fevereiro e a rendiQáo da üru- guayana. — 5 — Quanto ao Convenio de 20 de Fevereiro, nada di- remos, pois que é materia estranha ao protesto do illustre Visconde; porém quanto á tomada de Uru- guayana, é injustica vehemente, ó mesmo censuravel querer deslustrar um facto de tanto alcance para o Brasil, pois que, além da vantagem material da dimi- nuicao de forjas do inimigo, sera prejuizo das nossas, que nos sao tao precisas para arrazar Humaytá, tudo conseguimos pela forca moral, mais potente e aprecia- vel do que a for?a das armas , principalmente para confirmar perante as nacoes civilisadas da Europa, que o Brasil nao quer conquistas, porém únicamente vin- gar a dignidade ultrajada por esse cacique deshumano e ambicioso, único causador das calamidades que tém de recahir sobre o Paraguay. Entremos, porém, na prolongada meditacSo do illus- tre Visconde, e acompanhando parí pasm o seu racio- cinio, vejamos se nos é possivel harmonisar a louvavel generosidade do nosso Monarcha e do nosso governo, com a dignidade do Imperio do Brasil, com o nosso amor-proprio , que se julgou offendido pela junccáo das torcas alliadas na expulsao do estrangeiro audaz e selvagem do territorio brasileiro, obtida únicamente pela fama heroica de nossos soldados, cujo valor e sangue-frio estáo por immensos feitos demonstrados á evidencia.Com firme proposito destacamos a pessoa do Mo- nareha da entidade govemo , o que parecerá redun- dancia por ser aquello chefe do poder executivo, para tornar saliente a attitude brilhante que tomou o nosso Monarclia, que com a loa louvavel forca de vontade quiz assistir ao thealro da guerra, influindo com essa honrosa abnegacáo muito directamente na expulsáo dessas hordas selvagens do nosso sagrado territorio. O nosso excelso Imperador, trocando os commodos e os deleites de seus palacios, pelas provacoes de urna viagem forcada, era cujo curso den soheja^ provas do seu amor devotado pelo Brasil, cooperen sóbrenla - neira para aquietar os ánimos na heroica provincia do Rio Grande do Sul, e para animar os soldados brasi- leros, que procurarán imitar o heroico exemplo do seu Imperador, fechando os olhos á política , causa maior de todos os males do Imperio, para ouvirem a voz da patria que os chamava em seu auxilio. A primeira parte da meditado do nobre Visconde serve de motivo ao protesto, e nella procura explicar a razáo por que, tendo assenlo no senado, nao pode atalhar o impeto de enlhusiasmo que dictou as suas considerados sobre a rendicáó da liruguayana, que, ñas suas fonnaes pahvras , veio eclipsar o astro da Independencia Nacional. Respeitamos a intengao de táo venerando anciáo e prestimoso obreiro da Independencia , e por nossa parle julgamos lor sufliciente e honrosamente demons- trado o justo fundamento que guia nossas frivolas re- fiexoes. § *> Comeca esta parte do protesto com urna censura & allian^a feita pelo Brasil com os Estados Argentino e Oriental, e sem dar os motivos, limita-se o nobre Visconde a aehar subtileza e atilamento no proceder do presidente Mitre, que, segundo seu parecer, pugno» mais pelos nossos interesses do que o fez o nosso governo por intermedio do seu ministro em missáo es- pecial. Nada temos a combater neste terreno, porque só vemos a enunciacao de proposicoes vagas, que o seu autor deixa de fundamentar ¡ e únicamente diremos que se a allianca offensiva ou defensiva importasse desar para a nacao que a realizasse, mal teriáo pra- ticado a Franca, a Inglaterra e todas as nacóes da Europa que tem celebrado iaes tratados, que sao com- mentados favoravelmente por todos os publicistas, e principalmente por Wheaton, na sua obra Histoire de* progres du droit des gens, citada no protesto na nota A. Desde que ha igualdade de interesses entre duas ouroais nacoes quer na guerra defensiva, qner na offen- siva, nada inais natural e conforme aos principios de direito, do que unirem-se para conjunctameule de- bellarem o inimigo. Isto nao importa flaqueza, como acontecería se o Brasil fosse pedir o auxilio de urna nacao forte. A forca das circumslani ias foi que motivou essa allianca, cooperando exclusivamente para isso o tres- loucado cacique, que com a sua fófa arrogancia exigió a passagem de suas forcas pelo territorio entáo neutro da República Argentina, quando o presidente Mitre, cora a maior ¡gualdade t o inais pleno direito, vedava essa invasáo tanto a um como a outro dos bellige- rantes. Recusar tal allianca seria um orgulho inexplicavel, seria recusar um auxilio que a Divina Providencia nos deparava, de que emboca podessemos prescindir, com maior sacrificio, porque os recursos do Imperio sao vastísimos, comtudo a prudencia, a economía dos di- nhoiros públicos, e a vida de nossos soldados nos aconselliava de aceitar, pois que além do auxilio de forcas, trazia essa allianca a grande vanlagem de ter- mos caminho mais curio pelo territorio adiado para cliegarmos as rauralhas da Assumpcáo. Quáo justa nao seria ao inverso i censura, se um orgulho desmarcado nos fizesse recusar tal allianca? I Aventa-se ainda a questáo de nao ter o Brasil es- goiado os meios diplomáticos para desviar a guerra que nos faz o Paraguay. So quem desconhece que o Paraguay, contra todos os principios do direito das gentes , (o que nao de- monstraremos, pois nao fazemos a injuria ao illustre Visconde de suppór de sua parte a menor contestacao ueste ponto), quando nao havia deciaracao de guerra, e abusando da letra de seus tratados, se apoderou do vapor brasileiro Márquez do Olinda, aprisionando o presidente que ia tomar oonta da administrado da provincia de Matto-Grosso, e invadió essa provincia, pederá aventar semeihante questáo, pois que os fados degradantes praticados pelo governo daquella Repú- blica , trariáo um desar para o Brasil se immediata- mente nao os procurasse repellir, julgando declarada a guerra, pois nao haviáo meios amigaveis e diplo- máticos a lancar mao que podessem lavar tamanbas injurias. Como é que um cidadao preslimoso, conselheiro de estado, e que tem um assento na cámara vitalicia, ignora a existencia das notas contidas no Relatorio do ministro de estrangeiros e que váo transcriptas na ¡iota A ? Nellas nao se vé de um lado o ríespeito e a pie- meditacao da República do Paraguay, que a lodo o— 10 — transe procurara ura pretexto, embora frivolo, para justificar as suas hostilidades, o de outro lado o go- verno imperial calmo e com urna lingoagem condigna explicar os seus actos e mostrar exuberantemente suas intencóes nobres e generosas ? Cabe aqui replicar ao Sr. Visconde, que se o direito das gentes, como diz Wheaton no lugar citado, auto- risa a intervencao de urna nacáo para obstar que oulra se fortaleza inconvenientemente, ameacando a seguranza e o equilibrio de outios Estados, esse ar- gumenlo prova de mais, e enllo daría um direito incontestavel ao Brasil de ter pedido explicacóos ao Paraguay dos preparativos de guerra de que ha i O annos se premunió , principalmente sendo conbecido o carácter desleal e traidor do governo daquella Re- pública (nota B). Continúa o Sr. Visconde censurando o governo por nao ter de promplo soccorrido a provincia de Matto- Grosso, e pinta com cores bem tristes o desamparo dessas victimas de urna barbaba invasao. Concordando cora o inqualificavel mariyrio dos nossos irraáos de Maito-Grosso , infelizes pivsas da mais desmarcada sede de devastacao e de assassinato de um povo escravo e cobarde, só tiramos como consequencia, que é triste que nesta época da civilisacáo e do christia- nismo exista aínda ura Estado que nao respeita o direito publico, a lei moral, nem a honra das familias. — H — Censurar, porém, o governo por nao ser Argos ou Bri iréo, por nao ter cem olhos e cem bracos com que podesse em um momento levantar exercitos, e abrir estradas, imaginando mesmo um transporte aéreo ou submarinho, é excesso de rigor. Censuremos a inercia e a indolencia, mas exigir o impossivel é leviandade, principalmente em assurapto táo melindroso que joga com os destinos da nagáo. Demais, a censura é extemporánea e mopportuna. principalmente em um estadista que deve alcincar melhor as conveniencias políticas, tanto mais que foi teslemunha do programma do ministerio que, por meio de um de seus membros mais eminentes, declarou que depois de concluida i guerra, objecto principal de suas vistas, prestaría contas de seus actos. As exageracóes do ¡Ilustre Visconde, da fome e da peste que tena sofírido o nosso exercito, com que parece querer aterrar o povo, alera de ser^m improprias de um Brasileiro, que nao deve aprofundar a ferida que magóa a sua patria, nao sao verídicas no ponto de vista de se as ter evitado caso as nossas forcas nao fossem acampar na Concordia. A desgracada prova material está na epidemia das bexigas, que nao só nesta corte, como principalmente em Santa Calharina, ceifou impiedosamente a vida de nossos valentes soldados voluntarios da patria.Com tristeza referimos esses factos, únicamente para combater a odiosa insinuado do 8r. Visconde de Jequilinhonha, que pareceu regosijar-se com a demons- trado de tao repugnantes assercóes. O abysmo que o Sr. Visconde a cada passo enchr rga é creacao de sua imaginagáo impetuosa, é um parlo infeliz de urna cabeca alias grande, é urna hora aziaga de um político. §3.* Despido de sua roupagem deslumbrante e offuscante é- este capitulo de accusacáo consistente em clamar contra a intervencáo dos alliados na expulsan dos Para- guayos da üruguayana, inferindo d'abi o nobre Vis- conde que o Brasil se reconheceu fraco para fazé-lo por si exclusivamente. Injusta apreciacáo de um facto vulgar, comesinho na historia das nae-óes, e explicado em quatquer expo - sitor de direito das gentes! Censuravel capricho no illustre Visconde, de querer amesquinhar o» nossos houiens e as nossas cousas I Pois a allianca, Sr. Visconde, nao pude ser tanto offensiva, como defensiva? Haverá fraqueza ou desar ein se unirem duas nacoes injustamente aggredidas na sua soberanía territorial para repeüir o audaz e treslou- — 43 — cado despota, que assim calca os seus direilos, que assim pisa com suas plantas impuras e mancha o seu solo sagrado? Mil vezes nao. So em momento de delirio inexplicaTel poderia sahir tao acre censura de um homem ¡Ilustrado como o Sr. Visconde de Jequitinhonha!... Desde que o nrn da allianca era debellar o iniinigo, repellindo-o de qualquer dos territorios das nacoes alliadas, sendo publico e notorio, como o affirma a imprensa, que, conforme a nacionalidade do territorio que pisassem, a ella caberia o coramando das forcas, aoüde está o motivo de tanta susceptibilidade? Além disso ha em todo o caso injustica, visto como antes da rendicao da Üruguayana, deu-se além do - Uruguay, em territorio Oriental, um meraoravel com- bate em que entrarán forcas brasileiras para destruir a columna de cerca de 3,000 Paraguayos ao mando do major Duarte; e, antes disso, forcas brasileiras tinháo auxiliado o general argentino Paunero na lomada de Corrientes, invadido pelos Paraguayos, para a qual muito cooperou a esquadra btasileira. Se o Brasil, portanto, aceitou, para nSo mostrar urna fatua snperioridade, o auxilio das forcas alliadas para obter o glorioso e incruento tríurapho da Üru- guayana, nada perdeu em sua dignidade, respeitou a— u — soberanía dos alliados como estes haviao respeilado a nossa. Sobre o aquartelamento de nossas forcas na Con- cordia, que é explicado pela proxímidade do lugar da accáo principal, nada diremos, porque temos con- viccao de que ao governo imperial nao havia de escapar a defesa do nosso territorio, para preferir a do alheio» e motivos justos, e sena duvida importantes, a isso o obrigárao Deixamos de parte o mysterio do Sr. Visconde sobre as causas imaginarias que molivárao essa resolucao, e as suas deploraveis idéas de patrono e federacáo. Res- ponder-lhes seria dar corpo a extravagancias que nao lem merecimentó. § 4.° Tem tres partes este capitulo. A i* refere-se ás in- timacoes parcíaes de rendicao feilas pelos diversos cbefes. A 2* refere-se á generosidade desconhecida nos fastos da guerra para com os officiaes e soldados prisioneiros. A ultima parte dá como fundamento da rendicao a fome a que se vírao reduzidos os sitiados. Se em algum ponto das lucubragoes e desvarios intelleetuaes' do Sr. Visconde se pode divisar alguma apparencia de verdade e conerencia, é naquelle em — 13 — que estranha a vacillacao apparente que houve em comeen no commando das forcas. Seria mais curial que todas as intimacoes tivessem partido de commum accórdo entre os cbefes, poréra subscriptas pelo general brasileiro que commandava as forcas em operacoes no territorio brasileiro ex vi das bases da allianca. E-nos ainda desconhecida a Canta que forcou o Sr. Visconde de. Tamandaré a chamar o general Mitre ao campo da batalha, e triste seria que a falta de una chefe a molivasse. Ha, poréna, fados que sao para nos garantía raui forte, de que a nossa digmdade nao soffreu nunca. O 1° e o mais eloqnente é o carácter brioso, cava- lheiro e surnmamente digno e valoroso do Sr. Visconde de Tamandaré, que está ácima de toda a excepcao, e que por cerlo nao comportaría urna missáo desairosa. O 2o é o nobre proceder do general Mitre entre- gando o caminando do exercito alliado, na sua ausen- cia, ao general brasileiro Osorio, estando entretanto as forcas acampadas em territorio argentino. O 3o é a falta de infantaria. que justifica a demora do ataque, e que o general Mitre comsigo trouxe. O 4o é ter sido o ultimátum da rendicao apresentado pelo general brasileiro (nota C), e ter sido o ministro da guerra du Brasil, em corapanhia do valenle general_ 16 — brasileiro Caldwell, encarregado de entrar na praca e negociar com Estigarribia. Em ultimo lugar damos gracas h Divina Providencia, por ter dado ao Brasil a suprema gloria de ser tomado o commando em chefe pela pessoa do nosso virtuoso Monarcha, digno do amor de seus subditos, em quem ficaráo perennemente gravados os immensos teslemu- nhos de abnegacao e amor patrio, e a sua devotacao pela causa nacional Passando á 2' parte, que se refere ao humanitario e generoso procedimento do nosso Monarcha para com os prisioneiros, que o illustre Visconde qualifica de generosida.de descon/iecida nos fastos da guerra, res- ponderemos com alguns trechos de Burlamaqui — Du droit de la nature et des gens, vol. §.* i pag. 131 : «. Eu général les lois métne de la guerre demandent que l'on s'abslienne du carnage autant qu'il est possibíe, et que Ton ne répande pas du sang sans nécessité; Ton ne doit pas directement et de propos délibéré óter la vie ni aux prisonniers de guerre, ni a eeux qui demandent quurlier, ni á ceux qui se rendent, raoins encoré aux vieillards, aux femmes et aux enfants, etc. » i pag. 140: « On va bien plus loin aujonrd'hui, et par un usage qui reléve également l'honneur el l'hu- manité des Européeus, un ojficLer prisonmer de guerre — 17 — esl renvoyé sur sa parole: il a la consolalion de passer le temps de sa prison dans sa patrie, au sein de *a fatnille ¡ et celui qui l'a reláché, se tienl aussi sur de lui, que s'il le retenait dans les fers. » A pag. 14o: « U ne faut jamáis oublier que nos ennemis sont hommes. Reduils a la fácheuse nécessité de poursuivre notre droit par la forcé des armes, ne dépouillons point la charilé qui nous lie á toul le genre hnmain. De cetle maniere, nous défendrons cou- rageuseraenl les droils de la patrie, sans blesser ceux de l'liumanité. Que notre valeur se preserve d'une tache de cruaulé et l'éclat de la victoire ne sera point terni par des aclions inhumaines e brutales. » A pag. 235: « Cicéron remarque judicieusement á ce sujet, que si des parliculiers ont promis quelque chose á l'ennemi, y étant contraints par la nécessité des circonstances, ils doivent teñir religieuseraent leur parole. En effet tous les principes que nous avons établi ci-devant, prouvenl manifestemeni la justice el la né- cessité de ce devoir: sans cela on mettrait souvent obstacle á la liberté, on donnerait oscasion ádes car- nages, etc. » Já vé, porianto, o nobre Visconde que nao é fado virgem na historia, como nos ensina esse Juriscon- sulto eminente e de merecido criterio. c-p. 3— 48 — E se quer fados determinados lembrar-lhe-hemos alguns. Leopoldo . Duque da Austria, sitiando Soleure em i'MH, lane< u nina ponió sobre o Aar e ahi eollocou grande numero de tropas; o rio enclieu-se extraordi- nariamente, e abalteu a ponte e aquelles que nella se adiavao. Os sitiados vierao ao soccorro destes desgra- nados e salvárao grande parte delles. Leopoldo ven- cido por este acto de gt nerosidade, levanlou o sitio e fez a paz com a cidade. 0 Duque de Cumberland, em 1748, depois da vic- toria de Dellingue, praticou o exemplo mais tocante de generosidade para com um official inimigü. Qoando estará curando unía ferida, foi conduzido ao lugar uui oílicial Francez gráventeme l'erido. O Principe ordenou logo ao sen cirurgiio que o deixasse, e fosse soccorrer o ofíicial inimigo. Na historia contemporánea vemos um exemplo beru frisante ñas honras com que foi conduzido preso um general do Sul, quando leve de depór as armas ante o governo legal dos Estados-Unidos. Ahi haría urna du- pla offensa, e o pnsioneiro era considerado criminoso por ter attenlado contra as instiluicoes do seu paiz. A ultima parte do opúsculo do Sr. Visconde de Je- qaiünhohha nao passa de um argumento, permitía-se- nos a expressáo, risivel e por demais mesquinho. - t9 - Attribuir a rendicao á fume, é tomar o effeilo pela causa. £ quem foi que i-ollocou os Paraguayos na posicáo de se expórem á fome éenlo o reno roe do valor dos nossos soldados adquirido nos Demorareis feitos de Paysanilú e Riachuelof A medilacao do Sr. Visconde uar» passou de um so- nho infeliz em que se lhe afigurárao visoes phaulasti- cas e lúgubres , que amedrantaran o coracao de lau extremado patriota. Foi um máo sonho; foi mesnio um pesadelo que muilo ha de iucommodar o Sr. Visconde quando tor- nar a si. * » *NOTAS !%OT4 A PROTESTO DO GOVERN0 DO PARAGUAY CONTRA QUALQtTER OCCUPACAO TEMPORARIA OU PERMANENTE DO TERRITORIO DA REPUBLICA DO URUGUAY POR FORQAS DE MAR E TERRA DO IMPERIO. Nota do governo paraguayo d legando imperial. Ministerio de relacóes exteriores. — Assunipcao, 30 de Agosto de 1864. O abaixo assignado, ministro e secretario de estado das relacóes exteriores, te ve ordem do Exm" Sr. pre- sidente da República para dirigir á V. Ex. esta com- municacáo, com o fim que p.issa a expór. O abaixo assignado recebeu de S. Ex. o Sr. Vasquez Sagastune, ministro residente da República Oriental doUruguay, urna ñola que, coni dala de deste mez, dirigio-lbe de ordem de sen governo, acompanharido copia da ultima correspondencia trocada entre o go- verno oriental e S. Ex. o Sr. f.onselheiro Saraiva, ministro plenipotenciario de S. M. o Imperador do Brasil era missáo especial junto daquella República, constante de tres notas que se regislrao sob as dalas de 4, 9 e iO do presente mez. O importante e inesperado conteúdo di stas comimi- nica^óes, chamou seriamenle a alienólo do governo do abaixo assigoa^to, pelo interesse que lhe inspira o anaiijo das difliculdades coin que lula o povo orien- tal, á cuja sorle nao lhe é perinitlido ser indiftcrente, e pelo merecimiento que pode ter para este governo a apreciarlo dos motivos que possao haver aeonselbado táo violenta solmáo. A moderacao e previdencia que earaeterisao a poli- tica do governo imperial, aulorisáráo ao do Paraguay a esperar urna solurüo diversa ás suas reclamacoes COtn o governo oriental, e esla conlianca era lanío mais fundada quanto S. Ex. o Sr. Conselheiro Saraiva, e até 0 proprio governo imperial, ao declinar a me- diacao oflbrecida por esle governo, a pedido do go- verno oriental, para o ajuste amigavel dessas mesmas reclamares, declarárao-na sem objecto pelo curso amigavel que iáo leudo as mencionadas reclainagoes. — 23 — O governo do abaixo assignado respaila os direitos que sao inherentes á lodos os goverrtns para o ajuste de suas difliculdades ou reclainacócs urna vez negada a satisfacen e jnslica, sem prescindir do direilo de- apreciar por si o mudo de effeilua-lo , ou o alcance que pode ter sobre os destinos de todos os qoe Ion interesses legitimes nos seus resuliados. A exigencia feita ao governo oriental por S. Ex. o Sr. Conselbeiro Saraiva, em suas ñolas de 4 e 10 deste mez, é de satisíazer as suas reHamacnes dentro do improrogavel prazo de seis dias, sob a ameaca de no caso contrario u^ar de represalias, com as forcas imperiaes de mar o térra, reunidas de antemáo sobre as fronteiras da República Oriental , de augmentar a gravidade das medidas da attitude assumida, o que significa nina occupacáo próxima de alguma parte da- qaelle territorio, quando o seu governo nao se nega a attender e a satisfazer ás reclamares apresentadas, como consta da nota de S. Ex. o Sr. ministro de relaeñes exteriores de 9 do presente mez. Esle é um dos casos em que o governo do abaixo assignado nao pode prescindir do direito que lhe assiste de apreciar este modo de effeituar as satisfaces das reclamacóes do governo de V. Ex., porque o seu alcance pode vir a exercer consequencias sobre os interesse> legítimos que a República do Paraguay possa ter em leus resultados. \— 24 — Penosa foi a impressao que deixou no animo do governo do abaixo assignado a alternativa do ultimá- tum consignado ñas notas de S. Ex. o Sr. Conselheiro Saraiva, de 4 e 10 do corrente ao governo oriental, exigindo delle um imposMvel pelo obstáculo que oppóe á situacáo interna daquella República, e para cuja re- mocáo nao tém sido bastantes, nem o prestigio de SS. EEx. os Srs. Thornton, Elizalde e Saraiva, ñera o concurso e a abnegacao do governo oriental. Nao menos penosa foi para o governo do abaixo assig- nado a negativa de S. Ex. o Sr. Conselbeirn Saraiva á proposicáo de arbitramento que lhe foi feiti por parte do governo oriental, muito mais quando este principio havia servido de base ao gabinete imperial em suas reclamacóes contra o governo de S. M. Britannica. O governo da República do Paraguay deplora pro- fundamente que o de V. Ex. baja julgado opporüino afaslar-se nesta occasiáo da política de moderacao em que devia confiar agora mais do que nunca, depois da sua adhesáo ás estipulares do Congresso de París, nao pode, poréra, ver com indiííerenca, e menos con- sentir que em execucáo da alternativa do ultimátum imperial, a» forcas brasileiras, quer sejao navaes quer terrestres , occupem parte do territorio da República Oriental do Uruguay, nem temporaria nein permanen- temente, e S. Ex. o Sr. presidente da República orde- — 25 nou ao abaixo assignado que declare á V. Ex., como representante de S. M. o Imperador do Brasil, que Ó governo da República do Paraguay, considerará qual- quer occupacao do territorio oriental por forcas im- periaes, pelos motivos consignados no ultimátum de 4 do corrente, intimado ao governo oriental pelo ministro plenipotenciario do Imperador, em missáo especial junto daquelle governo, como attentaloria do equilibrio dos Estados do Prata, que interessa á República do Para- guay como garantía de sua seguranza, paz e prospe- ridade, e que protesta da maneira a mais solemne contra tal acto, desonerando-se desde já de toda a responsabilidade pelas consequencias da presente decía- racao. Deixando assim curnpridas as ordens do Exm" Sr. pre- sidente da República, o abaixo assignado aproveita esta occasiáo para saudar a V. Ex- com a sua mui dist incta consideracáo. A S. Ex. o Sr. Cesar Sauvan Vianna de Lima, ministro residente de S. M. o Imperador do Brasil. José Berges.Nota do lega$áo imperial ao govtmo ¡iaraijuaj/i>. Legacao imperial do Brasil.— Assumpcao, Io fie Setem- bro de 1864. Sr. ministro. — Tive a honra de rereber a nota do V. Ex. datada de anle-hontem, na qual, referindo-se á ultima correspondencia trocada entre o go\erno oriental e a missáo especial do Brasil naquella República, e fazendo a esse respeito algnmas consideracoes, se servio V. Ex. communicar-me (pie recebéra ordem do Ex""' Sr. presidente da República, para me declarar — que o governo do Paraguay considerará qunlcpier ocenpacao do territorio oriental por pule dis foreas imperiaes, e pelos molivos consignados no ultimátum de S. Ex. o Sr. Conselheiro Saraiva, de 4 do mez próximo pas- sado, como attentatoria do equilibrio dos Estados do Piala , que interessa á República do Paraguay como garantía de sua seguranza, paz e tranqmllidade, eque protesta da maneira a mais solemne contra tal acto, descarregando-se desde logo de toda a responsabilidarJe pelas ullerioriilades da presente declararán—■ Nao entrarei em maior desenvolvimeato sobre a jus- tiga das reclamacoes do governo imperial, nem sobre os motivos que o compellirao , bem a seu pozar, a — 27 — recorrer ao direito de represalia para obter reparacáo das violencias e perseguirles commettidas por algnmas das proprias autoridades civis e militares da República, contra as pessoas e propriedades de subditos brasileiros alli residentes, porque V. Ex. lem cabal coniiecimenlo da correspondencia diplomática do Exn,ü Sr. C.nnselbeiro Saraiva, em que se acháo circumstaneiadam'nle exa- radas as razóes que tem o mesmo governo para assim proceder. Sinto que o governo, de que V. E\. faz parle, nutra recento sobre as verdadeiras intemóes do governo im- perial e veja na actual conjunctuFa perigos, (pie nao exislem, para a independencia e inlegridade do Fstado Oriental. Era licito suppor que as provas reiteradas de franqueza e lealdade de que abunda a política do go- verno imperial para com os listados vizinhos bastariao para arredar do animo do governo paraguayo qnalquer apprehensáo sobre o fim que tem o de S. M. o Im- perador na resolucao que foi obrigado a tomar em presenca da constante denegarlo de justica ás recla- macóes que desde longo lempo lem infructuosamente dirigido ao Estado Oriental. O governo imperial, pelo fació de mandar a Monte- video S. Ex. o Sr. Conselheiro Sar.ii\a, cujas elevadas qualidades o tornavao tao recommendavel para serne- lhante inissáo, deu ora novo e irrefragavel teslemunho \— 28 — de moderaciío e desejo de ver resolvidas de modo amigavel as suas reclamacoes ; mas infelizmente, esse derradeiro appello feito ao governo oriental e os esforcos do distincto diplomata brasileiro, forao baldados pela resistencia systematica que lhe oppóz aquelle governo. E o que pedia o Brasil que nao pudesse e devesse ser logo attendido' O ¡inmediato castigo, senáo de todos, ao menos daquelles reconhecidos criminosos que ficáráo im- punes, alguns dos quaes occupáo postos no exercito oriental ou exereem cargos civis do Estado; indemni- sacao pela propriedade de que os seus nacionaes forao esbulhados pelas autoridades locaes, e finalmente ga- rantías para que no futuro se nao reprodnzissem ignaes attentados contra subditos brasileiros que alli residem sob a proteccáo das leis da República. Na dita nota allude V. Ex. ao oñ'ereciraento de me- diacáo feilo pelo governo do Paraguay ao enviado brasi- leiro, a pedido do da República Oriental, na occasiáo era que se adiaváo em curso as negociares para a pacificacao daquelle Estado, negociacoes em que con- vergirao os louvaveis e generosos esforcos dos repre- sentantes do Brasil, da República Argentina e da Gra- Bretanha; mas que nao tiveráo o desfijado éxito, como V. Ex. sabe, por so ter o governo oriental recusado a aceitar a condicáo essencial importa pelo Sr. general D. Venancio Flores. — 29 - Pedirei licenca a T. Ex. para observar que, atiento o proposito firme em que parece estar o governo orien- tal de nao acolher as reclamacoes brasileiras, qualquer mediar/So na actual controversia só serviría para crear novas delongas, procra tpncHo do gorerno tí Ugapio imperial na AMumpfáo. Ministerio dos negocios tttraogeiros.— Rio de Janeiro, em 22 de Selembro de i804. Com o olíicio de V. 8.» D. 3 de 3 do correntc, que teniio presante, recebi as copias que o arompanhárao da nota que a essa lega$3o passou o governo da Re- publica, protestando contra qualquer occopáfSo do ter- ritorio orienta], que pottá vir a ter lugar por parle difl forras do imperio em coiiM-quencia do ultimátum conminatorio do Sr. Cooselbeiro Saraiva, e ben Msñn da resposta por V. S. dada á referida nota. c i*. 3— 34 — Inteirado o governo imperial desta communicacao, completamente approva os termos da resposta de V. S., que nada deixáo a desejar. Públicos e notorios |OflM) sao os vcrdadeiros motivos que determináráo a posicao que o Imperio foi forrado a assumir últimamente DO Estado Oriental; e sendo nao me- nos publicas e notorias, como de incontestavel verdade, as declaracoe- explícitas»' solemnes que o governo impe- rial lein feito do res|)eito que consagra á independencia daouelle Estado, e até da neutralidade e abstencao que está no proposito de observar em suas quesloes e lulas internas, é claro que o protesto do governo paraguayo ficaria sem razao de ser, a menos que nao pretendesse esse governo arvorar-se em juiz do direito com que exigimos do governo oriental a satisfacáo de nossas reclamacóes, e aínda dos meios de que, pira conse- guida, entendemos dever laucar raSo; pretendió que seguramente importaría desconbecer a soberanía e por- ventura a dignidade do Brasil. Com razao, pois, repellio V. S. o protesto de que se trata, curaprindo que nesse terreno se manlenha com loda a energía. E porque convexo que esteja V. S. ao correóle de todas as resoluroes do governo imperial relativas á po- sicáo em que nos achainos no Estado Oriental, inclusa envio-lbe a copia do despacho, que nesta occasiáo tln ijo TTTT I — » - ao commandante em chefe di nossas forras navaes ñas aguas daquella República. Por'esse despacho verá V. S. que o governo impe- rial, approvando as medidas indicadas pelo Sr. Con>"- Iheiro Saraiva em seguida ao facto do vapor denomi- nado Villa cU-l Salto, aínda nina vez póe em evidencia todo o seu pasamento á respeito daqnelle Estado. V. S., em termos habéis, usará do referido despacho para convencer o governo do Paraguay de quanlo sao infundadas as apprehensóes que revela em seu protesto. Reitero a V. S. as seguramos de minha perfeita es- tima e consideracáo. Ao Sr. Cesar Sauvan Vianna de Eima. Carlos Carnkiko de CAMPOS. Nota do govi-rno paraguayo á legando imperial, de- pois do pritneiro confítelo com o vapor « Villa del Salto. » Ministerio de relacoes exteriores.— Assnmpcao, 14 de Setenibro de t8G4. O abaixo assignado, ministro e secretario de estado das relacoes exteriores, lem a boura de communicar a— 36 — V. Ex. que, com data de 12 do corréate* receben aviso da legacao oriental nesta cidade de que o vapor trans- porte de sen governo Villa del Salto, navegando o rio Uruguay em aguas argentinas, foi atacado por ama córvele brasileña que Ihe disparou qualru tiros de peca aun bala alirn de toma-lo ou de impedir-llie a pas- sagein do Rio Negro, para onde se dirigía de orden do governo oriental, do intuito de levar auxilios á villa .de Mercedes, situada Sobre a costa deste fio, e amea- cada pelas forcas que obedecom ao general I). Venancio Plores, resaltando deste atlenlado nao poder cliegar ao seu destino o Y'dl ¡ del Salló, que levava os elementos necessarios aos defensores de Mercedes, por lh'0 ¡m- pedirem os caolines da marínba imperial, por esta forma pastos em boa occasiao ao servico da invasao capita- neada pelo citado general Flores, que por esta circum- Stancia poude apodetar-se de Mercedes no dia 27 do uiesnio raez, passando em 2S ao norte do Rio Negro, com a intencáo de atacar a povoaeao de Paysaodú a cujo porio tinhao tanibern ebegado as canhoneiras bra- sileiras. Fados tao significativos como os que a legacao orien- tal denuncia, consuininados em apoio de ama rebel- liáo, com olvido dos principios de legalidade, base dos direilos de dyuastia dos governos monarchioas, iinpres- sionáráo profundamente ao governo do abaixo assig- — 37 — nado, que n;lo pode deixar de corroborar por esta com- municacáo as suas declaracoes de 30 de Agosto e de 3 do corrente. 0 abaixo asignado aproveita esta occasiao para rei- terar a V. Ex. a expressao de sua alta e distincta con- siderado. A S. Ex. o Sr. Cesar Sauvan Vianna de Finia. Josí Bergbs. Nota do legando imptridl ao governo paraguayo. Legacao imperial do Brasil. — Assumpcao, 15 de Setembre de i864. Sr. ministro. — Tenbo presente a nota que V. Ex. me fez a bonra de dirigir com a data de hontem, commu- nican'lo-me que a legacao oriental nesta cidade Ihe participara baver um navio de guerra brasileiro feito fogo sobre um vapor daqoeUa República com o íim de captura-lo ou/de impedir que deserabarcasse forcas des- finadas a defesa da villa de Mercedes, por cujo motivo julgou V. Ex. dever coolirmar as declarares contidas ñas suas notas de 30 de Agosto e 3 do corrente.— 38 ~ TVndo esta légatelo* na dala do i* deste mez, mi- nistrad r> a V. Ex. explic^coes francas sobre a política dn governo imperial na actual qnestao com o da Re- puhlica Oriental, o respondido ao protesto de que traía a nota de V. Ex. de 30 de Atesto, nesla occasiáo so se me ofTerece dizer a V. Ex. que a respeito do facto agora alludido nao tenbo outras noticias senáo aquellas que li no ultimo numero do Semanario e na communicaráo á que respondo. Em taes cii cnmslain ias, e ignorando quaes sao as instruccóe'a últimamente ex- pedidas aos commanrlantes dos vasos da armada im- perial, estacionados no lti<> da l'rata e seus afflnentes, no intuito de se levar a effeito as medidas de repre- salia intimadas pelo ultimátum de 4 de Agosto, abs- tenbo-mé por ora de toda é qualqiier reílexao fcferca do conleúdo da sopracitada nota de bontem. Aproveito esta occ isiáo para nova mente ofíerecer a V. Ex. os protestos de niinha mni distincla consi- derarlo. A S. Ex. o Sr. I). José Berges. Cesar Sauvan Vianna de lima. Nota do governo paraguayo A leyafdo imperial. Ministerio de estado de rehenes exteriores.—Assump- cao, \-¿ de Novemhro de 18fU. O abaixo Msigflado, ministro e secretario de estado dos negocios eslrangeiros receben ordem do E\w0 Sr. presidente da República para declarara V. Ex.: Que, comquanlo essa legaran, em sua nota do i" de Setembru, abnnasse, em resposta ao proteslo desle ministerio de 30 de Agosto, que de certo nenhuina considerarlo faria sobrestar o governo imperial,na po- lítica que bavia adoptado [tara com o governo orien- tal, esperón entretanto o do abaixo assignado que a moderacao do governo imperial e a considera- cao de seus verdadeiros inleresses, assim como os sentimentos de justiea, que constituem a garantía do respeito de todo o governo, infloiriáo em sen animo para que, apreciando o exposto na cita la nota de 30 de Agosto, adoptasse uina política mais conforme aos interesses geraes e ao equilibrio do Rio da Prata, como por si mesmo aconselhava tao grave situacao. É porém com profundo pezar que o governo do abaixo assignado vé, que, longe de haver merecido a attencao do governo imperial, sua moderacao, as de- clarares officiaes de 30 de Agosto e a contirmai áo— 40 — de 3 de Setembro, responde á ellas com actos ag~ •jressivos e provocadores, occupando com forcas im- periaes a villa de Mello , cabeca do departamento oriental do Cerro Largo, no dia 16 do mez próximo passado, sem previa declaracáo de guerra, 00 ontro qualquer acto publico dos que prescreve o direito das gentes. Este acto violento, e a patente falta de consideracao que esta República merece do governo imperial, cha- máriio seriamente a alten cao do goveino do abaixo assignado sobre suas ulteriores consequencias, sobre a lealdade da política do governo imperial, e sobre o seu respeito á inlegridade territorial desta República, tao pouco • segura ja pelas continuas e clandestinas usurpacoes de seus territorios, e collocáo o governo nacional no imprescindivel dever de laucar máo dos meios de que trata em seu protesto de 30 de Agosto da maneira que julgar mais convenientes para o eon- seguimento dos tins que motivarlo aquella declararlo, usando assim do direito que llie assisle para impedir os funestos efleitos da política do governo imperial, que ameaca náo so deslocar o equilibrio dos Estados do Prala, como atacar os máiures interesses e a se- guranza da República du Paraguay. Em conseqneneia de urna provocarlo láo directa (levo declarar a V. Ex. que licüo rolas as rela<;óes — 41 — entre este governo e o de S. M. o Imperador, impe- dida a navegacao das aguas da República para a han- doira de guerra e mercante do Imperio do Brasil, sob qualquer pretexto ou denominacao que sej. , e per- mitida a navegacao do Rio Paraguay, para o com- mercio da provincia brasileira de Matto-Grosso, á bandeira mercante de todas as nacoes amigas com as reservas aulorisadas pelo direito das gentes. Aproveilo esta occasiáo para reiterar ¿i V. Ex. as seguranzas de minha consideracao e estima. A S. Ex. o Sr. Cesar Sauvan Vianna de bima. José Bekges. Nota da legando imperial ao governo paraguayo. Legacao imperial do Brasil. — Assumpcao, 13 de Novembro de 1804. Sr. ministro.—Neste instante, 9 boras da manba, fui informado de que o paquete brasileiro Marqxiez de Olinda, que sahira desle porto para Matto-Grosso ante liontem ás duas horas da tarde levando a seu bordo o Sr. Presidente nomeado para aquella pro- vincia, se acba desde esta madrugada ancorado no porto de Assumpcao e debaivo das balerías do vapor de guerra paraguayo Tucua/i.Nao se tendo o eommandante do Márquez de Olinda apresentado nesla legarlo para explicar o motivo do sen inesperado regresso, devo suppór fundados os boatos que aqui cireulao de ter sido o dito paquete perseguido e detido pelo Tacuari, que deixou este ancoradouro pon cas horas depois do Márquez de Olinda, achando-se "este actualmente ineommunicavel com a Ierra. Km laes cireiimstuncias dirijo-me ¡inmediatamente a V. Ex. pedindo-lhe explicacoes sobre o grave facto que acabo de expór. Reitero a V. Ex. as expressoes da minha distincta consideracao. A S. Ex. o Sr. I>. José Berges. Cesar Sauvan Vianna de Lima. Nota da legando imperial ao governo paraguayo. Legacáo imperial do Brasil. — Assunipcao, 14 de ¡Novembro de \HM. Sr. ministro. — Hontem & noile chegou ás minbas maos a nota de V. Ex. datada do dia anterior commu- nicando-me que recebéra ordem do Exmo Sr. presidente — in- da República para me notificar que em consequencia de nao ler sido attendidn pelo meii gOteTIVJ O protesto cun- tido na nota de V. Ex. de 90 de Agosto ultimo contra a entrada de torcas iniperiae* no Estado Oriental licaváo interrompidas as relacoes entre os dous governos e im- pedida a navegacao ñas aguas dcsla República para a bandeira de guerra e mercante do Imperio, sob qual- quer pretexto ou denominar ao que seja. É seni duvida devido a esta grave resolucao do go- verno de que V. Ex. faz parle o acto de violencia com- metl ido sobre o paquete brasileiro Márquez de Olindn, que se dirigía a Corumbá levando a sen bordo o Sr. pre- sidente tunamente i minead o para a provincia de Matto- flrosso; acto acerca do qual apressei-me hontem mesmo a pedir a V. Ex. explicacoes, que alé este momento aínda nao recebi, continuando o eommandante, passa- geiros e tripolacTo do paquete a permanecerem delidos e incommunieaveis com a tet ra. Em presenca de um sernelhante estado de cousas, prescindo de discutir as considerarles de que V. Ex. acumpanhou a sua communicacáo, e limito-ine a protes- tar do modo o rnais solemne, em nome do governo de S. M. o Imperador do Brasil, contra o acto de hoslili- dade praticado em plena paz contra o referido paquete Márquez de Olinda, em violacao do que foi convencio- nado entre os dous paizes a respeito do transito fluvial;— 44 — e desde já resalvo os direitos da companhia de — Nave- gacao do Alto Paraguay — pelas perdas e damnos que lhe possa occasionar a interrupgfio que o dito paquete soffie e vier a soffrer ñas suas viagens ern consequencia da decisáo tomada pelo governo da Repuhlica. Tendo, portanto, de retirar-me quantu antes desta capital, peco a V. Ex. que se sirva mandar os pasapor- tes para mirn, minlia familia, o secretario da legacao e comitiva, aíim de podermos seguir viagem no paquete Márquez de Olinda. Reitero a V. Ex. as expressoes de minha distincta considerado. A S. Ex. o Sr. D. José Berges. Cesab Saitvan Vianna de Lima. Nota do governo paraguayo d légamo imperial. Ministerio de estado de relaróes exteriores.— Assump- cao, l\ de Novembro de 1804. Receñí a nota que, em resposla á desle ministerio de 12 do cúrrenle, V. Ex. me fez ■ honra de dirigir com data de honiem, protestando contra a dttMpSo do paquete brasileiro Márquez de Olinda, á respeito da — 45 — qual liavia pedido expliearoes, que diz nao ter ainda re- cebido, atlribuindo o fado á enunciada resolucao do metí governo, e pediudo passaportes para retirai-se quaulo antes desta capital com o pesaos! da legacao. Se ao fechar a nota á que respondo, aSfí havia V. Ex. recebido a minlia respotla á nota em quo pode oxpli- cacoos sobre o facto occorrido no dia 13, a terá comtndo recebido logo depois, e por ella lefá sido informado de que nao se enganou aUribuindo a detencao do Márquez de Olinda á minha notiíicacáb de 12 do corrente. Incluso lenho a honrado remelter a V. Ex. o p:tda sahida daquelle paquete levaulára ancora, dera-lhe caca e o capturara a poucas leguas áquem da villa da Conceicao, fazondo-o regressar ao porto da Assumpcáo. Mandei immediatamente o secretario da le- gac:io ao ancoradouro para inforrnar-se se com elíeilo isso era verídico, e tendo-me elle dito que o Marques 'de Olinda se achava tundeado debaixo das liaterias do vapor Tacuari, e circumdado de lanchoes armados, dirigí incontinente ao Sr. Berges urna nota (copia n. i), que ficou soia reposta até o dia 14, peduido ex- plicacóes sobre esse grave acontecí mentó. Proeurei ter eoimnunicaoao com o Márquez de Olinda, mas t'oi-mc isso vedado. No dia 13 á noito recebi urna nota (copia n. 2), datada do dia anterior, em que o Sr. Berges me no- tiíicava que em consequencia da entrada de torgas im-— 48 — periaes no Estado Oriental, contra a qual o governo paraguayo havia protestado, ücaváo interrompidas as relacoes entro os dous governos e impedida a nave- gaQao ñas aguas do Paraguay para a bandeira de guerra e mercante do Imperio. Sem parda de lempo respondí o que consta da copia n. 3, protestando contra >esse acto de lioslilidade pla- ticado ein plena paz e pedindo os pasaportes para deixar quanto antes aquella República, a bordo do Márquez de Olinda, ao qual geral mente se suppuntia seria perinittido o seu regresso ao Rio da Prala. Na tarde de 14 e na manln de 15 recebi as notas que V. Kx. encontrará sob ns. 4 e fí, dizendo-se-me na primeira, que eu acharia na nota do dia 12 a ra- zao da detenrao do referido paquete e enviando-se-nie cora a segunda os passaportes que eu bavia pedido. Ao passo que o Sr. Berges rae declarara que a re- raessa dos ditos passaportes tinba por fira poder eu partir quanto antes, nenhuma resposta me den a res- pailo do Márquez de Olinda, e o governo paraguayo vedava-me a sahida mediante a prohibido l'eita aos navios mercantes de largarem do porto da Assump- cño. Nao bavendo alli nenhum vaso de guerra estran- geiro, evidente era que se me tolhiáo mnito de pro- posito todos os meios de deixar o territorio da Re publica. Isso faz suppór que bouve por aigum tempo - 49 - da parte daquelle governo a inlencao de alli me reter como refem e a sua perversidade é tal que mais esae novo crime nenhurua surpreza deveria causar. Mais adiante informarei a V. Ka. a respeito do que occorreu para.eu ter meios de effectuar a minha partida. Emquanlo ludo isto se passava, o paquete Márquez de Olinda conlinuava detido e rigorosamente incom- municavel corrí a térra. Pode V. Ex. fazer idea da mioha trisle posicao e da anxiedade que me causava a sorte do Sr. coronel Carneiro de Campos e de todos os oulros nossos com- patriotas seus companlieiros de infortunio. Até o dia 19 eu nidria a esperanca de que a detencao daquelle paquete losse momentánea e se lhe permiltisse voltar para o Rio da Prata, mas lerrivel foi o meu desen- gaño quando v¡ no Semanario desse dia, que incluso envió a V. Ex., a declaracao de ser o Márquez de Olinda boa presa, e de nao haver raeio de salvar a carga e os agentes do governo imperial que se acha- váo á bordo. Infelizmente nao havia na Assumpcao, á excepcáo do ministro oriental, nosso figadal inimigo, nenhum üuli o agente diplomático estrangeiro senáo o Sr. Wash- bum, ministro dos Estados-Unidos. EsM cavalheiro mostrou-se nessa conjunctura bem disposto a nosso respeito, mas a sua accao nao nos podia ser moi efíi- c p. u— 50 — caz por Ihe faltar naquelle momento o concurso dos outros diplómalas acreditados no Paraguay, os quaes se achSo actualmente ausentes da Assumpcáo. Os jornaes dessa corle e os de Buenos-Ayres annun- ciáráo a ida do Sr. coronel Carneiro de Campos, a remessa de muilo armamento para Matto-Grosso, etc., e o paquete Márquez de Olinda entrón ñas aguas para- guayas basteando no mastro grande a bandeira im- perial. É pois fóra de duvida que López aproveitou o ensejo para comecar as hostilidades por essa negra traicáo, privando aquella provincia da pessoa que a ia governar e dos recursos que o novo presidente coinsigo levava. Consta-me que felizmente a bordo nenhum armamento se achou. Até á minha partida da Assumpcáo, dia 29, con- tinuaváo detidus a bordo do Márquez de Olinda, e incommunicaveis os passageiros e tripolacao daquelle paquete, tendo sido únicamente permitirlo o desem- barque de dous individuos, de cujos passaportes cons- tava serem negociantes , o subdito brasileiro Antonio Maria Pereira Leite, da Villa-Maria em Matto-Grosso, e um italiano estabelecido em Corumbá. Fiz todas as diligencias para que o Sr. Leite viesse comigo, mas o governo nao llie permitlio isso. Desde o dia 15 até que deixei a Assumpcao recebia diariamente o nosso cónsul geral, que é tambem agente — Si- da companhia, pedidos em papel aberto do escrivao do Márquez di- Olinda, por intermedio do capil.To do porto, para que se Ihe mandasse para bordo carne, pao e outros maní intentos. Fstou convencido que as- sirn continuará a succeder. Todos esses víveres sof- frem um rigoroso e vexatorio exame na capitanía do porto, chegando-se ao extremo de esmigalhar o pao para se verificar se por semelhante meio é Iransmit- tida aos prisioneiros algum i eommunicacao escripia. Fui informado de que- pelo Márquez de Olinda re- mettia o governo imperial para Matto-Grosso a quantia de Rs. 400:0009000 em notas. É provavel que no thesouro constem as series e números desses bilhetes e nesse caso fácil será mutilisa-los. Tenho intima eonviccao de que o Brasil se levan- tará como um so homem para lavar a affronta que acabamos de receber e derribar um governo do qual nao podemos esperar outra cousa senao iniquidades iguaes ás que agora nos fez, mas hoje o que me inspira maior anxiedade é a sorte dos nossos infelizes patricios que se achao a bordo do Márquez de Olinda . victimas de urna infame traicao. Passarei agora a narrar a V. Ex. o que occorreu relativamente á minha partida do Paraguay. No dia 4 4 recebi os meus passaportes, e logo que vi que o Marques de Olinda continuaría a ser detido, ( i— 52 — freteí um pequeño navio de vela para nelle me trans- portar alé Corrientes, nías o governo, com a medida que tomou de lechar o porto, tolheu-me o único mein que me restava de deixar o territorio da Re- publica. Qiüz partir por ierra ape/ar de serem im- mensos os perigos a que me expiinha e quasi impralicavel a viagem, nao só por falta de conveniente conduccáo, mas tamhem por acharem-se os caminhos interceptados em consequencia das excessivas cheias dos ríos. As pessoas que se interessavao pela minha sorte oppunhao-se a essa minha resoiucSo recetando com fundados motivos que eu e minha familia fos- semos no interior do paiz acoimneltidos e victimas de algum novo acto de atrocidade. O governo, que havia dado a entender em urna nota ao. ministro dos Estados-UnidOs, que me prestaría todo o auxilio e me daría urna escolta para essa viagem, retractou-se quando vio que eu estava decidido a emprehendé-la a despeito de lodos os obstáculos. Em taes circumslancias Mr. Washhurn leve urna conferencia com o presidente López afim de obter meios de eu partir. Depois de militas alternativas poude Analmente aquelle, diplomata, mediante os seus bons oflicios, obter que o govertiu paraguyo me ti- zesse transportar alé esta cidade em um dos seus vapores. — 53 — KOT4 R Quand un voisin, au miiieud une paix profonde, cons- truit des fortere$s»'s sur notre frontiére, equipe une flotte , augmente ses troupes, assemble une armée puissante, remplit ses magasins ; en un mot, quand il fait des préparatifs de guerre; nous est-il permis de 1'attaquer, pour prévenir le dangerdnnt nous nous croyons menacés? La réponse dépend beaucoup des nueurs, du caractére de ce voisin. 11 faut le faire expliquer, lui de- mander les raisons de ees préparatifs. C'est ainsiqu'on en use en Europe. Et si sa foi étail justemenl suspecte, ou pourrait lui demander des súretés. Le refus serait un Índice suffisant de mauvais desseins, et une juste, raison de les prévenir. — Bi rlamaoii, átoü de la nature et des gens, Pag. 76. Foi o Sr. general Bario de Porto Alegre que dirigió ao chele paraguayo a ultima inlimacao dos alliados ¡ mas foi ao Sr. ministro da guerra que coube lerminar a capitu- lacao, indo em pessoa ao interior da praca levar a decisao— 54 — final daquelles, quando o commandante inimigo respon- deu pedindo para si e sens officiaes sahir com armas e bagagens, e poder voltar para o Paraguay. (Trecho de urna caria do Sr. Felippe tíctnbeztí de Oliveira Ncry dirigida ao Sr. tcnente-general cornmand